A inclusão de temas sociais e ambientais na estratégia das empresas vem ganhando força nos últimos anos. Em boa medida, a mudança tem acontecido por conta da crescente pressão de consumidores e de investidores. Mas como lidar com questões ambientais em um país que ainda sofre com graves problemas sociais, que vão da falta de serviço de saneamento básico à miséria?

Para Maria Cecília Prates Rodrigues, pesquisadora em Planejamento e Avaliação de Projetos Sociais, que desenvolve projetos junto a empresas, a aproximação da comunidade onde atua deve ser feita independentemente do tamanho e da área de atuação do empreendimento.

Ainda segundo a estudiosa, autora do site Estratégia Social, é possível avançar em ações não apenas sociais, mas também ambientais, mesmo no caso de pequenos negócios que não têm muito recurso em caixa para investir em projetos.

Como exemplo, a pesquisadora cita o apoio a ações de coleta de materiais recicláveis, que podem gerar renda para um grupo de pessoas e ainda colaboram para o destino correto de materiais que seriam descartados em aterros sanitários.

Mas por onde começar? “A falha mais comum é não fazer primeiro um levantamento das necessidades dos públicos da empresa. É preciso ouvir de verdade o que esses públicos que se pretende atingir têm a dizer, o que eles precisam. A partir daí é que se deve partir para o planejamento”, sugere.

Maria Cecília é categórica em dois pontos. Para a estudiosa, até mesmo um microempreendedor deve adotar ações socioambientais e de governança, se adequando ao conceito ESG. Por exemplo, ao estabelecer relações claras com fornecedores para a adoção de uma política justa de remuneração ou ainda por meio do destino adequado dos resíduos.

Além disso, é imprescindível contar com a adesão completa a essas iniciativas, não apenas do departamento de sustentabilidade ou de recursos humanos, como se costuma ver em muitas empresas. Devem fazer parte das iniciativas desde os executivos do primeiro escalão aos funcionários à frente das mais diversas atividades, que podem interagir, por exemplo, por meio de ações de voluntariado, como campanhas de doação de roupas e alimentos.