“Teremos o Réveillon em Copacabana, o Carnaval de volta à Sapucaí e teremos o Carnaval de rua no Rio de Janeiro, se o calendário de vacinação contra a covid-19 ocorrer como previsto”, avisa, otimista, o secretário estadual de Turismo do Rio de Janeiro, Gustavo Tutuca. Para alegria dos cariocas, após um longo hiato de dois anos sem folia devido às medidas de isolamento social, a cidade se prepara para receber de volta seus turistas nacionais e estrangeiros. E se recuperar do devastador impacto econômico causado pela pandemia.

No início de 2020, o setor de Turismo sofreu uma paralisação praticamente total de suas atividades e o Estado do Rio – destino mais procurado do País – foi drasticamente afetado. Em agosto de 2020, por exemplo, houve uma queda de 33,50% das atividades turísticas no estado, em relação a agosto de 2019. Na comparação mensal, o pior mês foi abril de 2020, com queda de 65,8% em relação ao ano anterior, segundo dados do Observatório Fluminense de Turismo.

 

O desafio da retomada

Secretário estadual de Turismo, Gustavo Tutuca, prevê que a recuperação do setor será lenta e o principal desafio é preparar os cenários pós-vacina. “O setor foi o primeiro a parar por conta da pandemia e provavelmente será o último a retomar suas atividades na normalidade”, acredita. “A expectativa é de que o turismo volte a ter um protagonismo econômico no Rio. Temos trabalhado para que, com o avanço da vacinação e a redução dos números da covid-19, possamos ter uma retomada muito forte.”

Os planos incluem, entre outras ações, investimento no turismo doméstico, rural e de negócios, rotas de cicloturismo e captação de recursos no exterior. “A cidade está acostumada a receber grandes eventos internacionais, que ajudam a melhorar o fluxo turístico, a circulação dos hotéis, da gastronomia e dos atrativos da região. Temos enviado correspondência para todos os organizadores dos principais eventos internacionais, deixando o Rio à disposição e mostrando também todo um inventário de opções de locais para realiza-los”.

“Precisamos colocar o Rio como destino seguro, neste momento de pandemia, mostrando que, de acordo com a nossa campanha de turismo consciente, o Rio vem se tornando um lugar seguro sanitariamente e é assim que pretendemos atuar nessa recuperação”, completa.

Turismo de proximidade é o foco inicial

O Estado do Rio é dividido em 12 regiões turísticas: Metropolitana, Costa Verde, Serra Verde Imperial, Agulhas Negras, Vale do Café, Costa do Sol, Caminhos Coloniais, Baixada Verde, Caminhos da Serra, Caminhos da Mata, Costa Doce e Águas do Noroeste.

“Nós vamos realizar, a partir de agosto, os fóruns regionais de turismo, no qual deslocaremos o gabinete da secretaria para as nossas 12 regiões turísticas. Vamos levar toda a equipe, qualificação, a iniciativa privada, juntar com o ente público para poder discutir o setor e debater o cenário de retomada. Com o avanço da vacina, a primeira onda que vai acontecer é a de um retorno do turismo de proximidade ainda, de um turismo doméstico”, diz Gustavo Tutuca.

Para isso, segundo ele, há a necessidade atual de se posicionar nos principais mercados emissores de turistas do País. “Teremos um foco muito grande no Estado de São Paulo, tanto interior quanto capital, Minas Gerais, Brasília, Goiás e outros estados. Estamos estudando a possibilidade de fazer grandes ações de promoção do Rio turisticamente”.

Melhora do cenário epidemiológico

Passado o período mais crítico da pandemia, dados do Mapa de Risco da Covid-19, divulgado em 30 de junho pela Secretaria de Estado de Saúde, mostram que o Rio apresentou melhora do cenário epidemiológico, passando para a bandeira amarela (risco baixo de contrair a doença).

Cenário bem diferente do início do ano, quando ainda era grande o temor dos fluminenses em contrair a doença. Pesquisa do Instituto Informa, unidade de negócio da Bateiah Estratégia e Reputação, com 519 pessoas, havia constatado que 55,4% dos entrevistados estavam diminuindo as restrições do isolamento. Já 49,7% se preocupavam em não pegar a covid-19 e seguir em quarentena.

“Foi desesperador. De repente, vi todos os pacotes de viagem vendidos com meses de antecedência sendo cancelados, pedidos de reembolso, hotéis fechando. Sem falar no medo de pegar covid, pois organizo viagens para grupos de idosos. Agora estou otimista, pois já há muita procura de pacotes para o final do ano”, diz o guia de turismo André Martinelli, 41 anos.

Sócia de um quiosque na orla de Copacabana, na zona sul, Lizandra Soares, 52 anos, também se diz otimista. “Foi triste ver nosso grande símbolo da hotelaria, o Copacabana Palace, fechado, e suportar meses sem movimento de clientes, principalmente dos estrangeiros. Com a vacina, agora vamos com tudo recuperar o prejuízo”.

ONU: perdas estimadas em US$ 2,4 trilhões

Segundo dados da Agência Nacional de Aviação (ANAC), nos últimos dez anos as chegadas de passageiros ao Brasil subiram de 92,2 milhões em 2011 para 109 milhões em 2019. Estudo realizado pelo Ministério do Turismo em parceria com a FIPE revela que, nos últimos anos, a região que mais tem enviado turistas ao Rio é a própria América do Sul, seguida por Europa e América do Norte. Em 2019, quase metade (47,6%) do total de estrangeiros que chegaram ao estado advinham de nações do nosso continente, 31,6% de países europeus e 13,8% da América do Norte.

Um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) aponta que a recuperação do Turismo global deve iniciar, de fato, somente em 2023. Em 2020, as viagens internacionais caíram cerca de 73% em relação a 2019, gerando perdas estimadas em US$ 2,4 trilhões no turismo e setores associados. A retomada deverá ser heterogênea em função do país e região e dependerá da distribuição em massa de vacinas contra a covid-19 em todo o planeta.