A pandemia da covid-19 influenciou os hábitos das pessoas no mundo inteiro. Lavar as mãos com mais frequência, manter o distanciamento social e higienizar os produtos que chegam da rua são algumas das mudanças adotadas na tentativa de minimizar a proliferação do vírus. Além disso, uma tendência está sendo verificada durante este período e que deve se manter também no pós-pandemia: cozinhar em casa.
Com o isolamento social, bares e restaurantes tiveram que paralisar suas atividades, principalmente no início da pandemia, aliado a isso muitos trabalhadores foram colocados em home office. O resultado é que muitas pessoas que costumavam fazer suas refeições na rua tiveram que começar a cozinhar seu próprio alimento e muitos estão gostando da novidade e vão acrescentar às suas rotinas.
É o caso, por exemplo, do produtor Vinicius Fernandes, 21, que fazia todas as refeições fora de casa e agora cozinha. “No início do isolamento social, fiquei três semanas trabalhando em casa e, apesar de ter o tíquete-refeição, não me sentia seguro naquele momento para pedir o delivery de comida”, diz Fernandes. Foi quando começou a preparar suas refeições. “Não sabia fazer nada, fui pegando receitas pela internet, vendo vídeos e hoje já consigo me virar”, orgulha-se.
Vinicius não está sozinho nesta missão. Pesquisa realizada pelo Instituto Informa, unidade de pesquisa de opinião pública do Bateiah.com, mostra que mais pessoas passaram a cozinhar em casa durante a pandemia. No Estado de São Paulo, 62,2% dos entrevistados disseram que aumentaram a produção de alimentos em casa. No Rio de Janeiro, 65,4% do total de respondentes disseram que aumentou a atividade de cozinhar em casa.
Mais saudável
Vinicius pretende manter o hábito de fazer sua própria comida mesmo depois que a pandemia passar. “Fiquei três semanas em home office, quando voltei para o escritório já comecei a trazer as marmitas de casa e pretendo continuar fazendo isso.” Um dos motivos para o produtor incorporar esse hábito a sua rotina foi perceber que conseguia fazer uma alimentação mais saudável. Mesmo com a grande variedade de verduras e legumes, principalmente, nos restaurantes por quilo, ali também tem muitas opções de alimentos não tão saudáveis e a tentação é grande. “Antes eu não comia nada de legumes nem verduras. Comecei a incorporar aos poucos nos meus pratos e hoje todos os dias coloco vegetais nas minhas marmitas”, conta Vinicius.
O médico Roberto Debski considera que a alimentação em casa pode trazer benefícios, desde que a pessoa introduza verduras e legumes nas suas receitas. “O quilo tem uma variedade grande de saladas, por exemplo, mas tudo depende das escolhas que você fizer para o seu prato.”
Tirar um dia da semana para preparar os alimentos e congelar em pequenas porções é uma estratégia para evitar que, em cima da hora, você recorra as alternativas mais fáceis de cozinhar, como os produtos industrializados. Além dos vegetais, o médico sugere ainda a introdução de alimentos integrais na dieta e evitar os produtos processados e frituras. “É um costume que você pode ir adquirindo aos poucos e que, com certeza, será um investimento para o futuro.”
O bolso também agradece
Além dos ganhos com a saúde, deixar de comer fora todos os dias também é um hábito mais saudável para as finanças. Vinicius conta que está gastando 50% menos com as marmitas feitas em casa do que quando ele comprava o alimento pronto em restaurantes. E a economia pode ser ainda maior. O consultor financeiro Reinaldo Domingos calcula que a economia pode chegar a 80%. “Mesmo com o aumento da cesta básica, que em média apresentou alta de 30%, o custo com a matéria-prima para cozinhar em casa é bem mais baixo do que comer fora de casa.”
Para conseguir uma economia maior, o consultor dá algumas dicas. A primeira delas é buscar alimentos de época, que tendem a ter preços menores. Também é importante pesquisar os valores. “Supermercados, feiras ou sacolões mais próximos dos centros tendem a ter preços mais altos. Vale fazer uma compra mais estruturada e mais distante da sua base para encontrar melhores custos”, sugere. Para ele, buscar outros fornecedores e marcas pode contribuir para o seu bolso. Por fim, Domingos lembra que o aproveitamento total dos alimentos também é fundamental. “Com a casca do abacaxi, por exemplo, dá para fazer um delicioso suco.”