Se você abre mão de sair de casa para ficar maratonando séries, não se sinta sozinho. Pesquisa aponta segmento de séries e filmes como um dos que mais promove bem-estar entre os brasileiros
Netflix, Amazon Prime Video, Max, Star+, Disney+, Globoplay, Telecine Play, Apple TV+, Paramount+, MUBI, Universal+, Crunchyroll, Looke… Você piscou e uma nova plataforma de streaming de séries e filmes ficou disponível no mercado.
A demanda no Brasil pelo serviço de VoD (sigla em inglês para vídeo sob demanda) é crescente. Em 2022, 43,2% dos domicílios com televisão tinham acesso ao catálogo de ao menos uma distribuidora de conteúdo, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O aumento foi de 4,1 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
O acesso rápido ao entretenimento, somado ao poder de escolha, tornaram o consumo desse formato de entretenimento uma das atividades mais prazerosas entre os brasileiros. Uma pesquisa do Instituto Informa aponta que, perguntados sobre o segmento da economia de marcas que mais promovem o bem-estar, 8,1% citaram séries e filmes.
O estudo entrevistou mil pessoas no início do mês de março. O setor ficou atrás apenas de alimentos (43,7%), superando marcas de vestuário (5,5%), sites de compra (4,5%), educação (4%), restaurantes (3,3%), eletrônicos (3,2%), pets (3,1%), veículos (3%) e agências de viagens (3%).
Uma válvula de escape
Considerando diferentes faixas etárias, a audiência de séries e filmes é maior entre o público de 25 a 34 anos (10%), como o jornalista Nicollas Barbosa, de 27 anos. “Comecei a maratonar séries em 2016, quando assinei a Netflix, até então nunca tinha assistido a uma série completa. Com a pandemia, me tornei mais caseiro e esse consumo aumentou.”
Ele conta que, hoje, os serviços de streaming são parte indispensável de sua rotina. “São uma válvula de escape, estranho é o dia em que não assisto um episódio pelo menos. São minutos em que consigo esvaziar a cabeça. Os problemas da trama se tornam as minhas únicas preocupações.”
O levantamento também destaca os consumidores do Centro-Oeste do Brasil como os mais interessados em streaming – 17,1% acreditam que o segmento de séries e filmes é o que mais promove o bem-estar. Considerando gêneros, o público masculino (8,7%) cita mais o setor do que o feminino (7,4%) e, entre classes sociais, o conteúdo audiovisual atrai principalmente as classes B e C, com 18,2% cada.
Estamos mais caseiros?
O comportamento mais caseiro, aliado ao maior consumo de séries e filmes via streaming, pode estar ligado a uma busca por conforto. “Em um mundo em que tudo é um tanto inseguro, esses conteúdos trazem essa segurança. Há quem assista a uma mesma série várias vezes, sem precisar ficar ansioso sobre o que vai acontecer, ou até quem deixa um episódio como som de fundo para conseguir dormir”, explica o psicoterapeuta Rafael Jacomossi.
É assim com Barbosa, que permite se envolver tanto com as tramas que até carrega o impacto das reviravoltas em seu humor. “Finais de temporada ou morte de personagens me deixam mais ranzinzas no dia seguinte, assim como tramas que me dão bem-estar me deixam bem mais animado.”
Já o psicoterapeuta aponta que, além de possíveis momentos de descompressão ou fuga da realidade, o hábito de consumir séries e filmes por streaming está atrelado a um mundo pós-pandêmico e cada vez mais digital. “O mundo está muito acelerado e há uma cobrança por produtividade, tanto do trabalho como social. Então há também um sentimento de precisar pertencer, de assistir a uma série ou um filme que todos estão falando.”
Após o isolamento social provocado pela pandemia de covid-19 e com a tecnologia simplificando processos, é cada vez mais comum preferir o sofá da sala à poltrona do cinema. “O streaming é muito acessível, é só ligar a TV e não há uma preocupação com horários, com transporte ou com o cansaço após um dia de trabalho. Quando há tendência para que tudo fique caótico, as pessoas buscam o confortável.”
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