Em sete anos, Guarulhos cumpriu compromisso de oferecer água tratada para todos e abriu novas portas ao desenvolvimento sustentável

Água limpa significa saúde, qualidade de vida e desenvolvimento sustentável para a população, além de permitir o crescimento econômico de uma cidade ou região por meio de investimentos em agricultura, indústria e comércio. O benefício exige ações constantes dos governos. A gestão responsável dos recursos hídricos é um dos desafios mais importantes das administrações públicas em todo o mundo.

Em Guarulhos, segunda maior cidade do Estado de São Paulo, com cerca de 1,29 milhão de pessoas (Censo IBGE 2022), a atual equipe da administração municipal vem há sete anos dedicando especial atenção à água. Ao assumir a Prefeitura pela primeira vez, em janeiro de 2017, cerca de 92% do município enfrentava rodízio no abastecimento. Naquele ano, nem todos os moradores podiam abrir as torneiras de casa nos mesmos dias e horários para ver a água sair delas.

Logo nos primeiros 100 dias de gestão, o fornecimento começou a ser feito diariamente para 30 áreas, incluindo o Centro, Vila Galvão, Gopoúva, Jardim Bom Clima, Cocaia, Vila Rio de Janeiro, Vila Augusta, Parque Continental e Taboão. Após três anos, em dezembro de 2019 ninguém sofria mais com o rodízio. Pela primeira vez na história, o município passou a ter  água todos os dias e para todos.

O prefeito de Guarulhos, Gustavo Henric Costa (PSD), também conhecido como “Guti”, destaca a importância dessa conquista. “Somos a segunda maior cidade do Estado em população e temos 318 km² de área. O Aeroporto Internacional de Cumbica, que é o mais movimentado da América do Sul, está instalado em nossa cidade. Mesmo assim, alguns bairros ficavam de dois a quatro dias sem água nas torneiras”, lembra Guti. “Hoje, toda a população é abastecida diariamente.”

Bem precioso

O fim do rodízio em Guarulhos foi uma das conquistas mais significativas da cidade nos últimos sete anos, resultado da incorporação do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Esse período foi marcado por diversas obras.

No Jardim Centenário, o antigo reservatório, que tinha capacidade para 5 milhões de litros de água, foi complementado por outros dois, totalizando 15 milhões de litros de capacidade. A obra de R$ 28 milhões beneficiou em torno de 200 mil pessoas na região de Pimentas.

Outra obra significativa no município foi a construção de uma adutora de 1,5 km que conecta a cidade de Itaquaquecetuba ao bairro de Bonsucesso. A adutora aumentou a oferta de água em 100 litros por segundo naquele bairro, volume suficiente para abastecer as residências onde vivem 30 mil pessoas.

“Hoje o sistema está muito melhor, uma maravilha, não temos mais o tambor aqui no quintal”, afirma a aposentada Maria Aparecida dos Santos, que mora em Bonsucesso desde o início dos anos 2000. “A água é um dos nossos bens mais preciosos, e ter ela todos os dias na torneira nos dá mais tranquilidade.”

A presença de água tratada continua sendo um elemento essencial também para a atração de investimentos, especialmente em setores que dependem do abastecimento hídrico, como a indústria manufatureira e a agricultura. Empresas desses setores demonstram maior disposição para se estabelecer em regiões onde a infraestrutura básica, como o fornecimento de água tratada, é confiável.

Saúde

A água compreende de 70% a 80% do peso corporal de um adulto e cumpre diversas funções vitais, como a regulação da temperatura corporal, a lubrificação das articulações, o transporte de nutrientes e a eliminação de toxinas. Além disso, ela desempenha um papel fundamental no funcionamento adequado de todos os sistemas do nosso corpo, principalmente digestivo, nervoso, urinário e cardiovascular.

Áreas com acesso limitado à água potável e com infraestrutura de saneamento deficiente são favoráveis ao surgimento de doenças. Os principais problemas de saúde causados pelo consumo de água não tratada são diarreia, cólera, hepatite A e esquistossomose, mas também é comum o surgimento de doenças de pele e até respiratórias, como a provocada pela bactéria Legionella pneumophila, que pode levar à morte.

Profissionais de saúde pública defendem ser mais proveitoso direcionar recursos ao tratamento e saneamento do que arcar com os elevados custos associados à cura de doenças provocadas por estes vírus, bactérias, fungos e até protozoários e parasitas presentes na água contaminada. Estimativas indicam que cada R$ 1 investido em saneamento pode resultar em uma economia de ao menos R$ 4, considerando internações, hospitalizações e despesas com medicamentos. Isso sem contabilizar a qualidade de vida e o bem-estar da população, que são os mais valiosos.

Investimento

Atualmente, o Brasil ocupa uma posição intermediária no ranking global que avalia o tratamento de água e esgoto em diferentes países. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), aproximadamente 86% da população brasileira têm acesso a água potável, colocando o País na 85ª posição entre os 137 países analisados. Em relação ao tratamento de esgoto, cerca de 49% dos lares brasileiros possuem esse serviço, situando o Brasil na 76ª posição entre os 129 países estudados.

Nesse quesito, Guarulhos encontra-se acima da média nacional. Tem 100% de água tratada e 92,1% de domicílios com saneamento básico adequado. E segue avançando. Em junho deste ano, a Sabesp anunciou investimento de mais R$ 1,7 bilhão previsto para o município até 2026.

De acordo com relatos de moradores, a cidade segue na direção certa. A dona de casa Lúcia Aparecida da Silva Guimarães, residente no Parque Bambi por 18 anos, afirma não desejar mais reviver a difícil época em que, ao abrir as torneiras de sua casa, “via” sair apenas o ar. “Depois de tanto tempo sofrendo, ver hoje a caixa d’água cheia é motivo de muita alegria e alívio para todos nós.”

O caminho da água

Da captação à chegada nas estações de bombeamento, entenda como a água chega até a sua torneira em 7 passos

  1. Captação: O processo começa na captação, geralmente em mananciais naturais como rios, lagos ou poços. A água é coletada a partir dessas fontes e transportada para a próxima etapa
  2. Tratamento: A água bruta captada contém impurezas e poluentes que a tornam imprópria para consumo humano. O tratamento envolve a remoção de sólidos suspensos, microrganismos e produtos químicos. Isso é feito em instalações de tratamento de água, que utilizam processos físicos e químicos para tornar a água segura para consumo.
  3. Reservatório: Após o tratamento, a água é armazenada em reservatórios. Esses tanques ajudam a regular o fornecimento, garantindo que haja oferta suficiente para atender às demandas da comunidade, mesmo durante picos de uso.
  4. Rede de distribuição: A água tratada é então distribuída por meio de uma rede de tubulações. Essas tubulações transportam a água para residências, empresas e outros pontos de uso. Válvulas e bombas controlam o fluxo e a pressão da água na rede.
  5. Medição e controle: Para garantir um uso eficiente da água, são instalados medidores nas residências e empresas. Isso permite que a quantidade de água consumida seja registrada para fins de faturamento. Além disso, sistemas de controle monitoram a qualidade da água e ajustam automaticamente o tratamento e a distribuição.
  6. Conexões domésticas: Em cada propriedade, há uma conexão que liga a rede de distribuição ao sistema interno de água. Os usuários controlam o fluxo de água em suas residências através de torneiras e válvulas.
  7. Estações de bombeamento: Em áreas com terreno irregular, estações de bombeamento podem ser necessárias para manter a pressão da água na rede. Elas impulsionam a água para áreas mais elevadas.

Fonte: Abcon Sindcon (Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto)