Você lembra em quem votou? Segue deputados nas redes sociais?

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Nas eleições de 2018, nos deparamos com candidatos a deputado estadual e federal em um vale-tudo virtual em busca de apoiadores. De fato, eles descobriram o potencial das redes sociais como estratégia de campanha. Nomes, então pouco conhecidos, se tornaram midiáticos. Porém, de lá para cá, o engajamento dos eleitores não é mais o mesmo. Poucos continuam’ acompanhando a atuação de seus parlamentares eleitos e uma maioria nem sabe mais quem escolheu para os cargos legislativos. É o que revela um levantamento do Instituto Informa, unidade de pesquisa de opinião pública do Bateiah.com.

A pesquisa foi realizada nos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, entre os dias 15 e 22 de maio de 2021. Os dados revelam que, das 514 pessoas entrevistadas em 29 municípios fluminenses, 85,2% não seguem nenhum deputado estadual nas redes sociais. A indiferença é ainda maior quanto aos deputados federais: 87% afirmaram não seguir os parlamentares.

Em São Paulo, o baixo engajamento não fica atrás. Dos 520 eleitores ouvidos em 35 municípios, 86,7% não seguem nenhum deputado estadual e 86,5% não acompanham nenhum parlamentar federal.

Marcelo Vitorino, consultor de comunicação política e professor de marketing político pelo IDP, acredita que essa baixa adesão muito se deve à falta de objetividade de conteúdo postado nas redes: “Ultimamente, todo político se vê como especialista em mídia social. Mas a maior parte faz uso da rede social como se fosse um canal de comunicação unidirecional. Não há um entendimento de que é um ambiente de troca e não simplesmente de criação de conteúdo.”

O especialista observa que raramente há uma interação por parte dos parlamentares nos comentários. “O curioso é que, na maior parte que isso acontece, o comentário é negativo, então, se a pessoa xinga o político, ele responde. Mas, se elogia o trabalho, ele ignora. Aí você já vê que existe uma falta de profissionalismo na alimentação desses canais e na gestão de respostas”, explica. “Acaba sobressaindo aquele que faz um discurso polêmico ou polarizante.”

Memória curta

O levantamento também revela a memória curta dos eleitores fluminenses: a maioria sequer lembra em quem votou para a Assembleia (87,7%) e a Câmara (87,6%) em 2018.

Nessa leva de esquecidos está o motorista Augusto da Silva, 55 anos, morador do Flamengo, na zona sul: “Eu não lembro em quem votei para deputado, só do presidente, que foi o Bolsonaro (à época do PSL, hoje sem partido). Para falar a verdade, nem sei exatamente o que os deputados fazem, ainda não soube de nada relevante para o povo. Até sigo o perfil do Bolsonaro, mas não vejo as postagens. O que desanima é votar sabendo que tudo vai continuar igual.”

Na visão do consultor de comunicação política, a maior parte dos eleitores não têm real conhecimento da função de um parlamentar. “Acho que parte da classe política também não. Você vê muito deputado estadual propondo lei que não é da esfera estadual, deputado federal propondo projetos que são inconstitucionais. O desconhecimento não é só da população.”

 

O personal trainer Rogério Araújo, 40 anos, votou em branco para deputado federal. “Na hora não sabia o nome de nenhum”. Já o voto em um candidato estadual foi para ajudar um amigo. “Ele era cabo eleitoral e me deu o panfleto. Mas não lembro o nome”. Morador do Rio Comprido, na zona norte, ele diz não gostar de política. “Ainda mais com esse governo surreal. O pouco que vejo sobre parlamentares, em sites, é muita desinformação. Como uns que usam as redes para fazer pouco caso da vacina contra a covid-19 e incentivam o povo a se meter em aglomeração sem máscara. Vou seguir nas redes para quê?”

Marcelo Vitorino ressalta que os eleitores que não lembram do voto nas eleições de 2018 são predominantemente aqueles que não seguem parlamentares: “Provavelmente, aquele que já não segue o parlamentar também não tem um interesse na política. Então ninguém o fisgou.”

A pesquisa do Instituto Informa no Rio também detectou que o fato do eleitor lembrar ou não em qual deputado votou, não impacta na aprovação dos governos do estado e federal, conforme é possível ler no quadro com os dados.


Um candidato para chamar de seu

Estudante de Biologia, Gabriel Oliver, 21 anos, se considera antenado com o que acontece na política. Nas redes, ele segue o deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ) e o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ). “Me identifiquei com as ideias e propostas socioambientais de ambos. Sigo acompanhando, pois acho importante se informar sobre o que os parlamentares estão fazendo e cobrar o que prometeram”, diz o morador da Barra da Tijuca, na zona oeste.

A professora Sandra Abreu, 34 anos, conta que votou em Marcelo Freixo (PSOL-RJ) para a Câmara em 2018. O voto para a Assembleia, porém, ela não se recorda. “Brasileiro é esquecido mesmo, não é?”, brinca. “Mas era do mesmo partido, pelo qual tenho simpatia”. Moradora da Tijuca, na zona norte, ela segue o deputado federal nas redes. “Já o seguia desde antes das eleições, confio nas suas propostas. Só não fico acompanhando por usar pouco as redes sociais.”

Bolsonaristas são os mais seguidos nas redes

Selfies, vídeos, lives e é claro, ataques a adversários. Nas redes, a artilharia é pesada para manter o engajamento (curtidas, comentários e compartilhamentos) e conquistar apoiadores. Entre os parlamentares que se valeram do meio digital para ganhar visibilidade, há aqueles que souberam manter o eleitorado conectado.

Segundo o recente ranking do FSBinfluênciaCongresso, de 16 de junho, que classifica semanalmente políticos por influência no Facebook, Instagram e Twitter, os seis deputados mais influentes nas redes sociais são da Câmara: (1º) Carla Zambelli (PSL-SP), (2º) Bia Kicis (PSL-DF), (3º) Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), (4º) Carlos Jordy (PSL-RJ), (5º) Andre Janones (Avante-MG) e (6º) Marcelo Freixo (PSOL-RJ).

 

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