A pandemia do novo coronavírus levou consumidores paulistas a mudar alguns de seus hábitos. Pesquisa realizada pelo Instituto Informa, unidade de negócio da Bateiah Estratégia e Reputação, em dezembro de 2020 mostra que 58,6% dos entrevistados aumentaram o consumo durante a quarentena e, desse total, 65,7% dos pesquisados disseram que mudaram drasticamente o consumo no período. Como não podia deixar de ser, produtos ligados à prevenção da covid-19 foram os que mais demandaram investimentos dos paulistas no período, com 40,9% dos respondentes afirmando que aumentaram o uso desses itens, seguido por produtos de limpeza e alimentos, com 25,4% e 24,6%, respectivamente. O levantamento mostra ainda que 42,7% dos pesquisados começaram a consumir algum produto novo na quarentena, sendo que a maioria deles passaram a comprar itens relacionados à prevenção contra a covid-19, seguido por alimentos e produtos de limpeza.
O especialista em transformação digital Fernando Moulin é uma das pessoas que mudaram os hábitos de consumo durante este período de pandemia. “Aumentamos as despesas com produtos de higiene e limpeza, mas diminuímos os gastos com alimentação, porque passamos a fazer as refeições em casa e isso contribuiu para reduzir as despesas com esse item.”
Como equacionar
Encontrar o equilíbrio nas contas é o principal desafio dos consumidores. Moulin disse que neste período percebeu que os produtos de limpeza concentrados, apesar de custarem mais, garantem mais economia, já que precisam de menor quantidade para o mesmo resultado. “Precisamos ter racionalidade com as despesas.” Ele aconselha ainda adaptar a cesta de consumo à sazonalidade. No supermercado ou na feira, vale primeiro verificar quais são os alimentos que estão em período de safra e, portanto, costumam apresentar valores menores.
Essa tem sido a estratégia usada pela aposentada Maria Martins. Ela conta que tem substituído alguns itens do carrinho do supermercado para a conta caber no orçamento familiar. “O básico – arroz, feijão, óleo e carne – aumentaram muito. O jeito é adaptar as refeições, incluindo mais legumes e verduras no cardápio.” Além disso, a dona de casa diz que tem pesquisado mais, antes de comprar. “A diferença de preços entre os supermercados é muito grande. Com a pandemia, fica difícil fazer pesquisas, porque não podemos sair como antes, mas tento trocar experiências com as amigas e quando uma sabe de alguma promoção, avisa para a outra.”
Um outro recorte do levantamento do Instituto Informa mostra que 39,9% dos aposentados disseram que aumentaram o consumo durante a pandemia, enquanto 60,1% responderam que não. “Tudo está mais caro e sem muita pesquisa não dá para fechar as contas no fim do mês”, diz Maria Martins. A aposentada tem razão em reclamar dos preços. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a inflação fechou 2020 no maior patamar desde 2016 e a alta nos preços de alimentos e bebidas pesou no bolso dos brasileiros.
Camilla Clemente, diretora da fintech ConsigaMais+, dá algumas dicas para que os itens essenciais pesem menos no orçamento familiar.
Ela sugere, por exemplo, substituir a base alimentar, consumindo ovos e carne branca em vez da carne vermelha, cujo preço subiu muito nos últimos meses. “Produtos de limpeza que utilizam habitualmente por marcas mais em conta, que tem o mesmo princípio ativo. É importante também se atentar à quantidade das embalagens, que podem nos confundir”, ensina.
Vale também pesquisar e comprar com outras famílias em lojas de atacado, que costumam ter melhores preços. Fique sempre atento às promoções de mercados e feiras livres próximas de sua residência, assim você aproveita excelentes oportunidades. Por fim, diz ela, nunca vá a um mercado com fome e leve sempre a lista do que você realmente precisa comprar. “O fundamental é tentar fazer diferente e mudar seu comportamento. Pensar várias vezes antes de gastar e avaliar as oportunidades de substituições.”
Menos consumo
Se por um lado o consumo de alguns itens aumentou durante o período de pandemia, por outro lado, consumidores estão precisando segurar os gastos para que as despesas mensais caibam no orçamento e os alimentos foram os itens que mais tiveram redução de compras. Conforme o estudo, apenas 20,2% dos paulistas disseram que diminuíram consumo de algum produto durante a pandemia. Do total de pessoas que reduziram a compra de algum item, 72,7% afirmaram que diminuíram o consumo de alimentos, seguido por outros (18,7%), produtos de limpeza (6,9%) e delivery (1,8%).