Estudo mostra como a alimentação é essencial para o bem-estar
Para além da necessidade fisiológica, a alimentação está diretamente ligada ao bem-estar físico e emocional. Essa conexão é forte entre os brasileiros, segundo pesquisa do Instituto Informa, que investiga as percepções da população sobre o papel da alimentação na qualidade de vida.
Com 1.002 entrevistas nos 26 Estados e no Distrito Federal, conduzidas no mês de julho, o estudo revela que nove a cada dez pessoas consideram a alimentação como fundamental para o seu bem-estar. A percepção varia de acordo com a faixa etária e o poder aquisitivo, destacando como diferentes grupos da sociedade valorizam o ato de comer de maneiras distintas.
Quem mais valoriza a alimentação?
O estudo também aponta que a percepção sobre a relevância da alimentação aumenta com a idade. Enquanto 82,6% dos jovens de 18 a 29 anos consideram a alimentação muito importante, esse percentual sobe para 92,8% entre os brasileiros com mais de 50 anos. Essa diferença se deve, em parte, às mudanças biológicas e às necessidades nutricionais que surgem com o envelhecimento.
Segundo a nutricionista Aline Lopes, associada ao CRN-3 (Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região – São Paulo), são vários os fatores que influenciam uma boa alimentação. “As necessidades nutricionais são diferentes para cada um dos ciclos da vida. E um sistema alimentar envolve não somente a cadeia de produção de alimentos, mas fatores políticos, clima e meio ambiente, dinâmicas socioculturais, globalização, distribuição de renda e acesso aos alimentos. Estamos todos inseridos neste ambiente e somos influenciados por ele.”
Entretanto, a alimentação saudável não é uma prioridade apenas para os mais velhos. Entre os adultos de 30 a 49 anos, quase 89% concordam que a alimentação é essencial para o bem-estar, o que reflete a preocupação com a saúde e a longevidade. “No processo de envelhecimento, o metabolismo desacelera gradualmente e o estilo de vida que se levou até aquele momento pode influenciar no aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis como diabetes, hipertensão e obesidade.”
Considerando o poder econômico, a pesquisa alerta para um menor entendimento sobre a relação entre alimentação e bem-estar na população mais pobre. Se na classe A, com renda média familiar acima de R$ 14.520, o ato de comer é unanimemente considerado de grande relevância, esse percentual cai para 79,1% para os brasileiros com renda de até R$ 1.320, considerados de classe D e E.
O sociólogo Fábio Gomes, diretor científico e fundador do Instituto Informa, explica que a importância da alimentação está diretamente ligada ao acesso facilitado à comida. “Pessoas de classes D e E, limitadas em seu poder de compra, buscam o básico do básico. É sobre trabalhar para comer, mas não necessariamente comer bem. Se isso é o que cabe a esse sujeito e, ainda assim, ele encontra alguma dificuldade para comer bem, é possível que não reconheça a qualidade de vida na alimentação”, pontua Gomes.
A importância de comer bem
Além disso, a pesquisa revelou que, para 41,1% dos brasileiros, o principal significado de “comer bem” é sentir-se bem. Esse conceito de bem-estar está diretamente ligado ao prazer de se alimentar, que, segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, deve ser uma prática socialmente justa e harmônica em quantidade e qualidade.
No entanto, Aline Lopes ressalta que “comer bem” não deve se limitar apenas ao prazer ou à satisfação momentânea, mas deve também levar em conta o equilíbrio e a moderação. “Uma alimentação equilibrada é essencial para manter o corpo funcionando de forma adequada e prevenir doenças”, afirma a nutricionista, destacando que a inclusão de alimentos variados e ricos em nutrientes é fundamental para uma dieta saudável.