O bem-estar da porta para fora

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Gosta de dar um rolê? Não é só você! Pesquisa mostra que brasileiros acham passeios e atividades externas fundamentais para a percepção de bem-estar

 

Um dia no parque, uma visita a um museu ou um almoço em família em um bom restaurante. Passeios são essenciais para a produção de bem-estar e, para um a cada cinco brasileiros, são protagonistas na qualidade de vida. O dado é do Instituto Informa que, no início de março, entrevistou mil pessoas para compreender o que mais promove conforto e satisfação em suas rotinas.

As atividades fora de casa foram apontadas como o principal aspecto na percepção de bem-estar para 18,3% dos entrevistados. A resposta fica praticamente empatada com a estabilidade no emprego (19%) e se soma a outros programas ligados ao lazer, como confraternizações (11,1%), encontros (10,5%) e viagens (8,7%) – que também podem estar associados a passeios.

De acordo com o estudo, esse tipo de atividade é mais prevalente entre pessoas do gênero feminino (20,1%) do que do gênero masculino (16,5%), além do público adulto, entre 30 e 39 anos (22,3%). Estudantes (22,6%) e profissionais autônomos (21,3%) também valorizam mais os passeios do que funcionários de empresas privadas (18%) e empresários (15,5%).

Para a arquiteta e urbanista Mônica Blanco, conselheira federal do CAU/DF (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal), as atividades externas se tornaram mais importantes após a pandemia de covid-19. Temos percebido a importância de espaços de convivência ao ar livre, onde podemos conhecer, valorizar e alimentar a cultura do nosso povo. Preservar a cultura é preservar a nossa história. É saber de onde viemos e para onde estamos indo e o porquê. Ambientes coletivos humanizados, dos quais o indivíduo se apropria facilmente, tendem a contribuir com sua saúde, bem-estar e qualidade de vida.”

 

Pensando o lazer nas cidades

O lazer é um direito e uma garantia fundamental no Brasil, segundo a Constituição Federal de 1988. E é uma vontade dos brasileiros de diferentes faixas de renda – a pesquisa do Instituto Informa, por exemplo, mostra o maior interesse pelos passeios pelas classes A, B1 e D/E. Em um País continental, porém, os desafios para a oferta e o acesso a espaços de lazer são diversos, cada um com sua complexidade.

Um obstáculo, por exemplo, é a mobilidade. Segundo Mônica, é importante que as áreas de lazer façam parte do caminho das pessoas e sejam acessíveis por diferentes modais, como com veículos particulares, transporte público, bicicletas e a pé. “Áreas de lazer têm que fazer parte dos Planos Diretores como elementos propiciadores da saúde e bem-estar da comunidade. E a comunidade deve participar de cada etapa do seu planejamento, execução e manutenção, seguindo a máxima do ‘eu cuido do que eu criei’.” 

Outra barreira é a financeira, que impede que parte do público viva boas experiências fora de casa. A professora de arquitetura e urbanismo Angélica Benatti Alvim, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, defende a importância de se pensar o lazer como política pública. “As cidades precisam ofertar espaços de qualidade com equipamentos de esporte, lazer e cultura. Estamos falando de um espaço coletivo da sociedade, que deve ser gratuito e que deve chegar a todos os espaços, dos centros às periferias.”

 

 

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