A população idosa no mundo aumentou acentuadamente durante as últimas décadas, especialmente nos países da América Latina e do Caribe, como o Brasil (WHO, 2015). Observamos que o envelhecimento populacional representa uma conquista, mas também uma responsabilidade para os gestores públicos e a sociedade. Dessa forma, torna-se crucial desenvolver estratégias que promovam a vida ativa nessa fase da vida com independência, autonomia e qualidade (Tuckett et al, 2017)
São muitos os fatores que contribuem para que a longevidade esteja nesse marco sem precedentes na história mundial, dentre elas estão o avanço da medicina, intervenções de melhorias nas condições de saúde pública, biotecnologia, desenvolvimento social e econômico (Mendonça JMB, et al., 2021; Silva JR JB, 2021).
As pesquisas recentes indicam que o Brasil já é o sexto país com maior população idosa do mundo, essa configuração projeta que no ano de 2050, seremos o quinto maior país em número de pessoas com 60 ou mais, ficando abaixo apenas da Índia, China, EUA, Indonésia (Miranda 2016).
No último Censo de 2022, o total de pessoas com 65 anos ou mais no país chegou a 10,9% da população, com alta de 57,4% frente a 2010, quando esse contingente era de 7,4% da população. Já o total de crianças com até 14 anos de idade recuou de 24,1% em 2010 para 19,8% em 2022. (IBGE, 2023).
O índice de envelhecimento é calculado pela razão entre o grupo de idosos de 60 anos ou mais de idade em relação à população de 0 a 14 anos. Portanto, quanto maior o valor do indicador, mais envelhecida é a população. No Brasil, considerando-se a população com 60 anos ou mais chegou a 80,0 em 2022, dessa forma existem em nosso país 80 pessoas idosas para cada 100 crianças de 0 a 14 anos.
O bem-estar e o envelhecimento saudável
A Organização Mundial da Saúde definiu o envelhecimento saudável como “um processo contínuo de otimização da habilidade funcional e de oportunidades para manter e melhorar a saúde física e mental, promovendo independência e qualidade de vida ao longo da vida (WHO, 2015).
Pessoas idosas saudáveis e independentes contribuem para o bem-estar de sua família e da comunidade, e descrevê-las apenas como destinatárias passivas dos serviços sociais ou de saúde é prolongar uma crença. (WHO, 2019)
Hoje, a população idosa aumenta exponencialmente, e frequentemente encontra-se em situações socioeconômicas complexas e cheia de inseguranças. Somente intervenções efetivas permitirão aumentar as contribuições desse segmento etário para o desenvolvimento social e evitar que o envelhecimento populacional se transforme em uma crise para a estrutura de saúde e de assistência social. serão necessárias ações em múltiplos níveis e em múltiplos setores, de modo a prevenir doenças, promover a saúde, manter a capacidade intrínseca e viabilizar a habilidade funcional. (OPAS, 2020)
Estamos vivendo a década o envelhecimento saudável
Diante desse contexto, a Organização das Nações Unidas definiu o período entre 2021-2030 como a “Década do Envelhecimento Saudável” a fim de fomentar as capacidades das pessoas idosas, promover a saúde através da abordagem educativa sobre estilos de vida saudáveis, segurança e saúde ocupacional ao longo da vida (ONU, 2020). A transformação na dinâmica demográfica e as condições crônicas comuns nesse grupo etário despontam a necessidade do planejamento de políticas públicas voltadas à integralidade do cuidado e o desenvolvimento centrado nas pessoas (Romero, 2019).
A Década do Envelhecimento Saudável 2021-2030 é a principal estratégia para alcançar e apoiar ações para construir uma sociedade para todas as idades. Baseia-se em orientações anteriores, como a Estratégia Global sobre Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2016)
Uma década de ação pode aumentar a significância de uma questão, criar urgência para a ação e gerar uma mudança transformadora, esse período de colaboração planejada e contínua sobre o envelhecimento saudável é necessário para mudar a perspectiva sobre o envelhecimento da população: de um desafio para uma oportunidade. (WHO, 2018)
É primordial que o envelhecimento saudável seja uma realidade para todos os cidadãos de nosso país. Ele demandará uma mudança de enfoque, não apenas a ausência de doença, mas focado na promoção da habilidade funcional que permite à pessoa idosa ser e fazer aquilo que valoriza. Serão necessárias ações de modo a prevenir doenças, promover a saúde, manter a capacidade intrínseca e viabilizar a habilidade funcional. (OPAS, 2022).
Esta iniciativa global reúne os esforços dos governos, da sociedade civil, das agências internacionais, das equipes profissionais, da academia, dos meios de comunicação social e do setor privado para melhorar a vida das pessoas idosas, das suas famílias e das suas comunidades. (OPAS, 2022).
Neste contexto, a equipe de profissionais da Balizah se propõe a identificar as iniciativas desenvolvidas sobre o envelhecimento saudável no Brasil, buscando e dando publicidade as principais abordagens utilizadas nas diversas cidades do país.
Cabe a nós pesquisadores destacar e promover as políticas públicas, programas de prevenção e intervenções específicas para atender as necessidades dessa crescente parcela da população.
*Pesquisador Bolsista da FUNADESP