Para o professor Juedir Teixeira, da ACRJ, poder público e moradores devem estar juntos para promover um ambiente comercial sustentável nas cidades

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O comércio urbano é central para a vida nas cidades, fornecendo conveniência, preços acessíveis, uma ampla variedade de produtos, experiências agradáveis e oportunidades de emprego. Quando essa dinâmica funciona, ela promove o bem-estar dos moradores e alavanca o crescimento econômico local.

O poder público tem papel importante no fomento de um ambiente comercial sustentável. Está em suas mãos o desenvolvimento de políticas que vão do planejamento urbano, para promover o equilíbrio entre comércio, moradia e espaços públicos, ao fornecimento de infraestrutura adequada e de incentivos ao setor de serviços.

Entrevistamos o professor Juedir Teixeira, líder do Conselho de Varejo da Associação Comercial do Rio de Janeiro, que falou sobre estratégias para estabelecer uma convivência harmoniosa entre os residentes e os gestores municipais com o comércio local, visando a benefícios mútuos. 

O professor Teixeira estará presente no seminário “4 Pilares para uma Comunicação Eleitoral Eficiente – Política Pública, Dados, Segurança Jurídica e Bem-Estar”, que acontece no próximo dia 23 de maio, no Windsor Florida Hotel, no Rio de Janeiro. 

Quais são os benefícios e os desafios dos moradores de uma cidade na relação deles com o comércio?

Uma das tendências mundiais é o crescimento do comércio local, o chamado comércio de bairro. Principalmente depois da pandemia, com o home office, as pessoas passaram a trabalhar mais em casa, ficando mais tempo onde moram, e daí acabam usufruindo também o comércio da região. Esse é um grande benefício do comércio para os moradores que felizmente vem crescendo. Por outro lado, um desafio que os moradores podem enfrentar é quando esse mesmo comércio local começa a atrapalhar sua vida. Ele leva mais movimento aos bairros e, se não houver um bom ordenamento urbano, isso pode tumultuar a região. Um exemplo é quando os carros começam a usar as calçadas como estacionamento, como ocorre aqui no Rio de Janeiro pelos bares e restaurantes e em muitas outras grandes cidades de modo indevido. É aqui que entra a responsabilidade do poder público para organizar melhor a situação sem prejudicar os moradores nem os comerciantes.

Para o senhor, que fatores devem ser considerados ao avaliar a qualidade do comércio em uma cidade?

A qualidade do comércio normalmente se avalia pela oferta do produto, ou seja, o mix de produtos que a loja oferece e a variedade adequada ao local. Isso é uma avaliação que você faz da experiência de compra, que algum tempo atrás era chamada de atendimento ao consumidor. A experiência de compra é fundamental porque a compra é um ato de prazer. Quando as pessoas estão tristes, vão comprar algo para driblar a tristeza. Então, uma boa experiência de compra e um bom atendimento são fundamentais para o comércio ser bem avaliado. Claro, aliados a um preço justo e um mix de produtos adequado ao local. 

Quais são as estratégias específicas que a administração municipal pode adotar para promover um comércio que gera emprego e serviços de qualidade?

O comércio precisa de duas coisas básicas para funcionar. Ele precisa de ordenamento urbano, que é fundamental, e precisa de segurança. Mesmo a segurança sendo uma competência do Estado, ela pode ser garantida pelas guardas municipais, que são imprescindíveis para promover a segurança local, principalmente naqueles municípios menores. Além disso, a administração pública deve adotar políticas justas de IPTU e outros impostos. Algumas cidades acabam descarregando uma carga muito grande de IPTU em cima do empresário varejista, que se vê obrigado a repassá-la para os preços dos produtos do seu comércio, afastando muitos consumidores.

Em relação às demandas da população local, como a administração pública pode ajudar o comércio a atendê-las?

A gente brinca muito que se o setor público não atrapalhar já faz uma grande coisa.  Além do ordenamento urbano e da segurança, que ajudam o comércio a manter as portas abertas, há outros aspectos que o poder público pode promover para estreitar a distância entre os moradores de uma cidade e o comércio. Uma boa malha de transporte público é um deles. Pessoas que moram distante de bairros mais comerciais precisam ter fácil acesso a eles. Outro é a manutenção da malha viária. É preciso manter ruas e calçamentos bem conservados para que tanto os veículos do transporte público como os particulares usados pelos moradores consigam se deslocar de modo eficaz. Por fim, não podemos deixar de citar a iluminação, outro ponto muito importante para haver uma boa relação entre moradores de uma cidade e o seu comércio a qualquer hora do dia.

Em sua opinião, o que os empresários do comércio podem fazer para desenvolver um relacionamento cada vez mais construtivo com o poder público?

O papel dos empresários é exigir do setor público a melhoria do ambiente de negócio na sua região, precisam participar e levar as demandas do setor para os agentes públicos, sejam eles vereadores ou prefeitos. Mas, na minha opinião, eles não devem se envolver de forma partidária, e sim na política. São os políticos que vão construir as leis e definir as políticas públicas que vão afetar a vida dos nossos filhos e netos.

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