Boa alimentação pode prevenir e tratar doenças crônicas – Entrevista com o Nutrólogo Renato Lobo

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Segundo especialista, diabetes, pressão alta e até mesmo o câncer podem ser evitados e tratados com dieta adequada e prática de atividades físicas. 

Nesta entrevista à Balizah, Renato Lobo, médico nutrólogo, fala sobre a importância da nutrologia na promoção da saúde e prevenção de doenças crônicas. Ele explica como uma alimentação adequada e um estilo de vida saudável podem prevenir e até reverter doenças como diabetes e hipertensão (e até mesmo prevenir o câncer). 

Além disso, Lobo enfatiza a relevância da prática de exercícios físicos e a possível necessidade de suplementação para alcançar níveis nutricionais ideais. Ele também aborda a influência dos alimentos ultraprocessados na saúde mental e cognitiva e conta para a gente qual é a melhor dieta.

Renato Lobo, quais são os princípios da nutrologia e o papel do médico nutrólogo?

O princípio da nutrologia é dar ênfase à importância da alimentação na saúde, tanto como fator causal de doenças como fator protetor e preventivo para doenças crônicas. O papel do médico nutrólogo é orientar o paciente para um estilo de vida mais saudável, com prevenção de doenças crônicas e tratamento de problemas relacionados à nutrição, às alterações metabólicas e deficiências nutricionais.

Você acredita que com a alimentação é possível controlar e até reverter as doenças crônicas não transmissíveis, que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) se tornaram as principais causas de morte no mundo?

Doenças crônicas como diabetes, pressão alta e até câncer podem ser evitadas e tratadas com dieta adequada e atividade física. No caso do controle da diabetes, o primeiro passo é realmente a alimentação, e em muitos casos é possível reverter a doença. Os medicamentos são importantes, mas podemos e devemos retomar o controle da nossa saúde com ações como mudança de estilo de vida, alimentação e suplementação. O médico nutrólogo pode auxiliar reduzindo, por exemplo, uma vontade de doces numa pessoa compulsiva, ajudando a controlar melhor a fome no caso de emagrecimento ou até aumentar em quem tem baixo peso e chega a ser algo preocupante.

Como a nutrologia favorece a longevidade?

Todo indivíduo tem uma certa programação de mais ou menos uma “data de validade”, digamos assim, e é possível antecipar ou estender esse prazo de acordo com o estilo de vida, a alimentação. Muitas pessoas estão antecipando com cigarro, bebida, muito açúcar, sedentarismo. Mas se você tem um estilo de vida mais saudável, se alimenta melhor e suplementa melhor, você poderá prolongar esse prazo, mesmo que sua expectativa natural, sua genética, não seja tão boa. Você consegue burlar, e isso é o que chamamos de “biohacking”, que é hackear o seu sistema para ter uma melhor performance, uma longevidade saudável. 

Entre os diversos tipos de dieta (mediterrânea, low carb, cetogênica etc.), qual você considera a mais equilibrada?

A dieta mais equilibrada é a que se adapta melhor à rotina e aos gostos pessoais do paciente. A mediterrânea tem sido considerada uma das mais saudáveis pela fonte de gorduras boas, pela ênfase em verduras, baixos carboidratos; a mediterrânea pode ser uma lowcarb. E a cetogênica é uma lowcarb mais extrema. O foco é não exagerar no carboidrato. Pode ter consumo de carbo de fontes naturais e não muito processadas e priorizar gorduras boas, proteínas e fibras.

Pensando nisso, quais são os alimentos ou grupos alimentares que devemos realmente evitar?

Devemos evitar as gorduras trans, que apesar de terem sido restringidas em produtos como biscoitos, bolos etc. pela Anvisa, ainda são admitidas dentro de um limite. Esses alimentos elevam muito a glicemia e são prejudiciais à memória e ao desempenho cognitivo de raciocínio. Sim, você pode ficar mais ou menos inteligente (e bem-humorado) conforme a sua alimentação. Portanto, o ideal são os alimentos saudáveis, que precisam ser preparados, e não produtos prontos como barras de cereal, biscoitos, nuggets e embutidos. Estes contêm nitritos, que são usados como conservantes e são cancerígenos. E mesmo assim são liberados. 

Que importância você dá à prática de exercícios físicos junto à alimentação?

É super importante a prática de atividade física, pois favorece a abertura de comportas dentro dos músculos que captam a glicose. Em excesso, a glicose lesa os vasos e leva à diabetes, entre outros problemas. Os exercícios trazem melhora da saúde cardiovascular, do metabolismo energético, do sono, dos hábitos intestinais, da memória, é um bem-estar geral comprovado. 

É possível usar apenas os alimentos para manter os níveis nutricionais ou os suplementos são essenciais?

A suplementação tem sua importância porque nem tudo você consegue em quantidades adequadas nos alimentos. Por exemplo, a gente quer níveis maiores de uma substância que tem efeito protetor para câncer de mama, mas para isso será preciso comer meio quilo de brócolis todo dia. Não é viável, vai ter muita fibra e atrapalhar a absorção deste fitoquímico que deve ser absorvido. Então você suplementa. Às vezes há um desbalanço na produção de antioxidantes, uma deficiência na obtenção de proteínas e é preciso suplementar. No caso da dieta vegetariana ou vegana, a própria creatina é importante para quem quer ganhar massa muscular ou ter performance física.

O que você sugere para quem quer melhorar sua relação com a comida?

Ter um acompanhamento profissional para ajudar a entender e identificar comportamentos que não sejam adequados e estruturar uma dieta. Muitas vezes as pessoas têm aquela ideia de que a dieta tem que ser ruim, monótona, mas longe disso, ela pode ser bem gostosa, pode ter doce. É só uma questão de organização e critérios, uma orientação para ressignificar hábitos e melhorar a saúde e a qualidade de vida. 

Renato Lobo é médico nutrólogo formado pela Faculdade de Medicina da USP, pós-graduado em Nutrologia pela ABRAN, e atua com foco em emagrecimento saudável, performance esportiva e longevidade. 

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