Nem só de pão vive o homem, mas o cérebro, que coordena o corpo, exige de nós uma boa alimentação para seu bom funcionamento. Hipócrates já alertava: “uma má digestão é a fonte de todo mal” e que “a morte mora no intestino”.
O enfoque nos pensamentos, emoções e incômodos causados por questões de saúde mental, tiraram nossos olhos do fato de que o corpo está envolvido com o psicológico também. A saúde mental não reside apenas no cérebro, mas os problemas envolvidos nela são alertas de que conexões no corpo não estão sendo feitas conforme devem.
O corpo está todo ligado.
Células do sistema nervoso central, onde se localiza o cérebro, também compõem parte do intestino, evidenciando que, embora distantes, esses dois órgãos estão conectados.
Um indivíduo com boa saúde física tem a conexão cérebro-intestino bem feita e, assim, o humor, hormônios, imunidade e proteção intestinal são preservados. Quando as bactérias do intestino não estão conforme devem estar, neurotransmissores que regulam humor, memória e atenção sofrem impactos. E muitos transtornos mentais têm origem em déficits deles.
Os componentes das comidas ingeridas agem sobre os neurotransmissores, que viajam pelo cérebro alterando sensações e pensamentos, e têm relação com regulação emocional, prazer, relaxamento, atenção, entre outros.
Mas, é uma via de mão dupla. O contrário também acontece, pois o cérebro pode influenciar no intestino. Com duas horas de estresse psicológico, por exemplo, as bactérias do intestino alteram completamente. A ansiedade e depressão podem comprometer efeitos normais e protetores do intestino. Em contrapartida, a produção de certas substâncias podem ajudar pessoas com diagnóstico de depressão.
Não é terapia, mas é terapêutico. Não é fármaco, mas é remédio
O alimento é um dos mais poderosos medicamentos que existem para a saúde mental. Medicamentos e terapias são eficientes, contudo, é importante compreender que o corpo exige comprometimento completo com ele, tendo atenção a todas as suas áreas. Portanto, um tratamento pode não ser tão eficiente caso aja acompanhamento profissional e uso de medicamentos, mas a microbiota do intestino e os hormônios desregulados.
O humano é um ser biológico, psíquico e social, portanto o bem-estar e qualidade de vida de cada um envolve a saúde mental e física, incluindo uma boa alimentação, além do quão saudável é o ambiente em que está inserido. Então, os medicamentos, terapias, tratamentos médicos entre outros, são parte essencial nos cuidados em saúde mental, mas a alimentação é uma grande aliada nesse processo.
Texto baseado no livro “Seu cérebro bem alimentado” de Dra. Uma Naidoo.