Programa Menina dos Olhos já realizou mais de sete mil consultas oftalmológicas e cerca de cinco mil óculos prescritos
A união faz a força. Foi assim com a integração entre as secretarias de Educação e Saúde, que a prefeitura de Guarulhos (SP) está promovendo o desenvolvimento saudável das crianças do município. O programa Menina dos Olhos faz uma triagem abrangente nas escolas, avaliando saúde geral, nutrição, desenvolvimento cognitivo e emocional. Com base nos resultados, as crianças são encaminhadas para um acompanhamento personalizado em unidades móveis, garantindo que recebam o suporte necessário, incluindo consultas médicas especializadas em saúde ocular.
Criado com a compreensão de que o bem-estar não se limita à educação e saúde separadamente, o programa aborda de maneira abrangente a saúde ocular como uma dimensão crucial do desenvolvimento infantil.
Resultados
E os resultados já podem ser observados. Dores de cabeça constantes, baixo rendimento escolar e dificuldades para fazer a lição de casa despertaram a preocupação de Renata Santos da Silva, de 41 anos, mãe do estudante Levi Santos Muniz, de 8 anos. Levi foi contemplado com um dos 96 óculos entregues aos alunos da unidade por meio do Programa Saúde na Escola (PSE), política intersetorial das secretarias de Educação e Saúde voltada a crianças, adolescentes, jovens e adultos da educação pública para promover saúde e educação integral.
No ano passado, mais de 3.300 consultas foram realizadas nas escolas municipais, e em 2023, esse número ultrapassou 7 mil, resultando na prescrição de cerca de 5 mil óculos pelas unidades móveis nas escolas-polo.
“Uma visão prejudicada por distúrbios oculares, como os erros refrativos (miopia, hipermetropia e astigmatismo), é prejudicial a um bom desempenho escolar. Enxergar com qualidade evita que a criança perca o interesse no que está sendo ensinado e facilita a compreensão e a fixação dos conteúdos”, explica a médica oftalmologista Ana Carolina Mayo de Castro. A oftalmologista aconselha que crianças, jovens, adultos e idosos visitem o médico a qualquer época do ano, mas enfatiza que a ida regular é ainda mais importante em crianças e jovens em idade escolar.
“Antes eu não conseguia enxergar direito, então eu sentava bem na frente e isso ajudava a melhorar. Às vezes a luz batia na lousa e atrapalhava. Agora, com os óculos, fica muito melhor para enxergar as letras e as imagens na TV com mais nitidez”, conta Levi.
Mais acesso
Embora seja um direito do cidadão e um dever do Estado garantidos por lei, ainda há enorme discrepância no acesso aos serviços e programas de promoção à saúde no Brasil. Para se ter uma ideia, lembra Carlos Henrique Mascarenhas, diretor da AMB (Associação Médica Brasileira), na comparação com o sistema global de saúde, 75% das pessoas são atendidas no SUS e 25% na saúde suplementar. “Os 25% têm 65% do investimento em saúde e aquele que tem 75% da população só investe 45% no ano. Há uma discrepância muito grande e isso gera restrição de acesso. Nem todo mundo tem a tempo e a hora o atendimento que precisa.”
Para especialistas, levar e promover a integração entre escola e saúde, aumentando o acesso e aliviando a carga das famílias é fundamental para garantir a saúde das crianças.