Pesquisa Nacional do Instituto Informa. AVALIAÇÃO DO GOVERNO LULA E AS PROFECIAS ELEITORAIS PARA 2026.

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NOTA INTRODUTÓRIA

A pesquisa que realizamos retrata o tema do bem-estar do brasileiro. Sem resistir ao evento oportuno, aproveitamos para apurar a avaliação do Governo Federal. O presente artigo busca conexões entre a satisfação com a própria vida e a avaliação governamental. Além de levantar uma discussão sobre as “profecias” de analistas e estrategistas sobre como serão os resultados em outubro de 2026.

Pesquisa nacional do Instituto Informa realizada com internautas brasileiros. O método foi aplicado com rigor científico tanto no controle de cotas representativas da população adulta quanto na qualidade de execução. Foram realizadas 1.020 entrevistas entre os dias 21 e 31 de janeiro de 2025. Além de questões retratadas no presente artigo, aplicamos questionário da metodologia WHOQDL (BREF) – instrumento de avaliação de qualidade de vida mundialmente reconhecido.

O FENÔMENO

O que está diante de nós para exame é a avaliação do governo Lula. Será que essa avaliação tem conexões com a percepção de bem-estar? Trataremos desse assunto, mas vamos iniciar pela avaliação do governo.  Os números representam o julgamento que os brasileiros fazem da performance do Governo Federal.

A complexidade da vida cotidiana, em facetas variadas de sua dinâmica, cobrindo diversos aspectos da gestão governamental, é traduzida aqui em pergunta: como você avalia o governo Lula? Diante dessa questão, muitos conteúdos possíveis podem estar presentes na dimensão cognitiva do respondente: da análise acerca da performance até fatores ideológicos.  Dada a complexidade do fenômeno, uma questão apenas não responde todos os seus aspectos – ainda que tenha o apoio de diversas outras questões que foram aplicadas. Apesar dessa limitação, trazemos aqui algumas reflexões.

A avaliação do governo Lula apresenta carga considerável de rejeição. Os resultados são os seguintes: ótimo – 10,7%; bom – 16,9%; regular – 24,9%; ruim – 10,9%; e, péssimo – 32,8%. Não responderam somaram 3,8%.

Reagrupando as respostas, podemos ter outra visada dos resultados: aprovam (ótimo e bom) – 27,6%; regular – 24,9%; e, reprovam (ruim e péssimo) – 43,7%.

Os dados mostram 27,6% de aprovação contra 43,7% de reprovação. O “regular” indica a satisfação ou insatisfação moderada: 24,9%. Os dados revelam uma situação incômoda para o governo e podem ser explicados por diversos fatores, por exemplo, da polarização política que insiste ao cenário da economia doméstica adverso. Cabe-nos aplicar algumas lupas para examinar com mais detalhes o fenômeno. Nos concentraremos nos índices de rejeição para esse exame.

TRAÇOS E PADRÕES

A pesquisa apresenta alguns padrões que ajudam a decifrar o fenômeno de avaliação do Governo Federal pelos brasileiros.

O primeiro padrão observado refere-se ao fator “renda familiar” do respondente: a rejeição ao governo é maior entre os mais ricos (45,7%) do que entre os mais pobres (40,4%). Isso não significa que a aprovação de Lula seja maior entre os mais pobres – esse público indica com mais força a avaliação “regular” (30,6%). Esse perfil compõe importante base eleitoral do Presidente e, pelo que os dados indicam, parece esperar alguma reação do governo antes de reprova-lo.

Outro padrão observado é a raça: brancos (45,8%) rejeitam mais do que pretos (39,0%). Sempre importante salientar que esse aspecto tem relações com o fator “renda familiar”.

Um terceiro padrão refere-se ao regionalismo. Podemos segmentar os resultados em duas camadas: regiões com reprovação abaixo da média (Norte – 33,1% e Nordeste – 31,8%); e regiões com reprovação acima da média (Centro-Oeste – 51,7%; Sul – 50,7%; e, Sudeste – 47,6%). Os dados traduzem a divisão demográfica que se apresenta em resultados eleitorais desde 2018.

O quarto padrão que destacamos é a religião. Vamos começar pelos católicos. Segmentamos esse público em duas categorias: “praticantes” (frequentes nas missas e eventos da comunidade) e “de batismo” (menor vínculo com a igreja). Os primeiros rejeitam mais: “praticantes” – 45,2% e “de batismo” – 40,2%. Embora a diferença seja pequena, revela traços da formação católica rural que também explicam fatores geográficos listados acima.

Quanto aos evangélicos, também aplicamos uma segmentação em duas camadas com graus de rejeição distintos: “de Missão” (batistas, metodistas, presbiterianos) – 61,5% e “pentecostais” –  55%. Para além dos traços culturais, os evangélicos de missão, aliados fervorosamente às cercanias da Reforma Protestante, marcam uma posição mais fortemente à direita desde 2018 – em menor número de fies, mas com uma defesa ciosa do bolsonarismo e combate visceral contra as “garras comunistas”. Já os pentecostais, surgidos por influência de movimentos norte-americanos, ainda que com forte rejeição ao governo, rejeitam menos. Cabe salientar a multiplicidade dessa vertente religiosa com muitas denominações e maior penetração no meio político por muitas delas – pelo menos a partir de articulações de seus líderes.

Outras posições relacionadas à religião apresentam menor índice de rejeição ao governo: Espíritas kardecistas – 38,6%; religiões de Matriz Africana – 38,5%; e, ateus – 29,8%.

Identificamos outro padrão: uso de redes sociais. Usuários do X (Twitter) são os que mais rejeitam (54,1%) – alguns analistas associam esse efeito à nova direção da empresa (Elon Musk). Acima da média geral de rejeição ao governo estão os segmentos de usuários do Facebook (46,7%), Linkedin (45,0%) e Instagram (44,6%). Próximo ao valor central estão TikTok (30,3%) e Pinterest (41,4%). Os dados expressam relação entre rejeição e conteúdo das redes, variando dos assuntos mais diretos (maior rejeição) às redes dedicadas ao entretenimento (menor rejeição).

Buscamos padrões na associação entre percepção de bem-estar e avaliação governamental e encontramos questões importantes. Primeiramente ausências interessantes. Sem tratar de assunto político, perguntamos aos brasileiros como avaliam a própria qualidade de vida. Não foi observada correlação estatística entre os dois fatores. Ou seja, satisfações e insatisfações com a própria vida (vide artigo anterior) não estão associadas diretamente à avaliação do governo federal. Quando tratamos especificamente sobre finanças pessoais, o governo também não é associado à satisfação nem à insatisfação.

Importante achado! No entanto, quando perguntados sobre expectativas futuras acerca da economia, a dimensão cognitiva que registra informações políticas parece ser acionada. Perguntamos o grau de concordância com a seguinte afirmação: “Brasil, no futuro, será uma grande potência econômica proporcionando melhor bem-estar a todos.”. A concordância com a frase está correlacionada com a aprovação do governo. De outro modo, os que discordam reprovam o governo. Trata-se da percepção sobre o rumo da economia em face da performance governamental. Os que acreditam em uma recuperação com futuro promissor na economia tendem a aprovar mais o governo.

Qual é a chance de Lula em 2026? Reside na possibilidade de dar sinais de recuperação da economia. E, sim, com uma comunicação potente sobre os resultados! Sem isso, arriscará seus resultados em 2026. A seguir, dedicamos alguns parágrafos a tendências.

TENDÊNCIAS

A vida de analistas políticos, sobretudo no campo das ciências aplicadas a pesquisas sociais, é visitada constantemente pelo poder – decisores precisam de informação e análise de autoridades no assunto. É preciso muita maturidade para lidar com isso, pois a vaidade, essa inimiga cordial e perversa, está sempre à espreita procurando um analista para ofuscar as “lupas” pela contaminação da “situação total de pesquisa” (imparcialidade, sensibilidade, habilidade analítica).  A consequência dessa “contaminação” se revela nas formas de profecias eleitorais sem fundamentos científicos – ou com vieses gritantes. Esse aspecto, que povoa densamente relatórios, diagnósticos, matérias jornalísticas é potencialmente capaz de levar decisores ao erro e multidões ao engano. É preciso cautela para quem conquista o posto de “autoridade” em diagnósticos políticos.

Desde nosso início nos anos 1990 estamos atentos a essa inimiga cordial, a vaidade. Temos que confessar que também fomos vítimas dela em algum momento – o que nos deixou ainda mais atentos. Permita-me, caro leitor, retratar uma experiência pessoal. Visitei muitas vezes para aconselhamento aquele que foi considerado o “papa” da opinião pública no Brasil – o saudoso amigo e professor Marcus Figueiredo (Iuperj/Iesp). Dentre muitos aprendizados, destaco o que carrego enquanto antídoto contra a inimiga cordial: não tenha medo de dizer “não sei”! E complementava, “diga que vai pesquisar”! Voltemos ao tema. Sobre o que acontecerá em outubro de 2026, dizemos sem medo: não sabemos! A razão dessa postura é muito clara: as ciências sociais, matriarca das pesquisas de opinião em seu casamento com as ciências estatísticas, não é preditiva – não autoriza profecias.

O cenário político atual é adverso para Lula, não há dúvidas sobre isso. Considerados os índices de avaliação, Lula teria entre 25 e 35 pontos de potencial eleitoral HOJE! Já para 2026 pouco pode ser dito, ainda que cenários possam ser traçados em uma avaliação sistemática com apoio de projeções econômicas e dados sobre a dinâmica social – estruturados em séries históricas.

Mas cenários eleitorais não satisfazem os profetas. Eles precisam “cravar” resultados que ocorrerão em 20 meses. Mas se der errado? São 20 meses para pensar uma desculpa. Além da vaidade, outro aspecto rege as profecias eleitorais: muitos “analistas” funcionam como “ponta de lança” de alguns segmentos: partidos políticos, mercado financeiro, segmentos da economia – trata-se do “lobby da opinião” aplicado na tentativa de influenciar multidões.

Outro aspecto importante sobre o futuro, muito presente nos diagnósticos de analistas norte-americanos: em política não se troca alguém por ninguém! O brasileiro trocará Lula por quem? Quem serão os candidatos? Essas e outras questões podem auxiliar na montagem de cenários para 2026. Listamos algumas:

Lula será candidato?

Quais são as alternativas do PT?

O eleitor de Bolsonaro migrará em bloco para sua indicação de candidatura?

O lançamento de candidatos alinhados ao bolsonarismo pode dividir os votos? Pode produzir fraqueza em uma batalha de segundo turno?

Teremos segundo turno?

O governo tem chance de recuperar a economia?

Quais são as zonas de tolerância para o brasileiro sobre melhorias na economia doméstica?

Trump e o cenário internacional ajudam ou atrapalham Lula?

Como será o comportamento do “centrão”?

E os brasileiros que amam a América diante das deportações?

Etc. Etc. Etc.

Por mais cenários e menos profecias míopes!

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