Pesquisa Nacional do Instituto Informa. O bem-estar do brasileiro: fundamento das reputações.

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NOTA INTRODUTÓRIA

A análise da relação entre reputação e bem-estar é um hábito de nosso fazer. A questão central em nossa tese: reputações são edificadas pela promoção/promessa de bem-estar. A ideia é bem simples, o que complica é a complexidade do conceito de bem-estar – razão pela qual estamos constantemente em campo com pesquisas sociais sobre o tema.

Esse é o primeiro short paper de uma série que retratará a pesquisa nacional do Instituto Informa sobre bem-estar realizada com internautas brasileiros. O método foi aplicado com rigor científico tanto no controle de cotas representativas da população adulta quanto na qualidade de execução. Foram realizadas 1.020 entrevistas entre os dias 21 e 31 de janeiro de 2025. Além de questões de nosso interesse, aplicamos questionário da metodologia WHOQDL (BREF) – instrumento de avaliação de qualidade de vida mundialmente reconhecido.

O FENÔMENO

Trataremos aqui da primeira questão: percepção sobre a qualidade de vida. De uma forma geral, o brasileiro mostra-se indiferente: “nem ruim, nem boa” foi a resposta mais citada. Podemos descrever a avaliação do brasileiro sobre a própria qualidade de vida em três categorias: satisfeitos – 24,7%; indiferentes (“nem-nem”) – 60,2%; e, insatisfeitos – 15,1%.

O contingente dos “indiferentes” é expressivo e pode ser explicado pela complexidade do conceito de qualidade de vida. Diante da questão “como você avalia a sua qualidade de vida?”, os entrevistados refletem em poucos segundos acerca da síntese das experiências cotidianas. Com variações de traços culturais, níveis de informação, desafios vividos, a resposta objetiva sobre a própria vida é relativizada por alegrias ou tristezas, facilidades ou dificuldades, abundâncias ou escassezes. Os que responderam “nem-nem” podem indicar uma espécie de média entre satisfações e insatisfações acerca de variados aspectos da vida cotidiana.

Na abordagem aplicada, o tema do bem-estar é retratado por diversas variáveis agrupadas em quatro dimensões: físico (corpo), psicológico, relações sociais, meio ambiente/cotidiano. Ao ser inquerido com apenas uma questão para resumir a vida como um todo, muitos entrevistadores buscam uma resposta neutra – o que analisaremos com o apoio das outras questões da pesquisa nos próximos artigos. Não obstante as limitações da questão retratada aqui, algumas avaliações importantes podem ser colocadas em tela.

TRAÇOS E PADRÕES

Vamos buscar alguns padrões que possam indicar explicações para os primeiros números expostos. Primeiramente, cabe salientar que os 18 atributos avaliados na pesquisa apresentam alguma correlação (maior ou menor) com a percepção geral de qualidade de vida. No entanto, alguns se destacam mais: espiritualidade/crenças pessoais; segurança física/proteção; imagem corporal/aparência; mobilidade; autoestima, atividade sexual. De uma forma geral, os maiores explicadores da percepção do bem-estar apresentam conexões conceituais com o corpo, a dimensão transcendente e a liberdade (segurança e mobilidade).

Em uma mesma casa, vivendo sob as mesmas condições, duas pessoas podem apresentar percepções distintas acerca da qualidade de vida. O conceito de bem-estar é complexo e relativo a cada pessoa. No entanto, algumas tendências dos dados indicam distinções entre estratos da sociedade. Vamos usar o parâmetro “satisfação”, que no resultado geral apresenta o valor de 24,7%, em nossa busca de padrões que podem explicar o fenômeno.

O primeiro padrão identificado, sem grande surpresa para os pesquisadores e observadores da vida cotidiana, está na correlação entre percepção de qualidade de vida e renda familiar do respondente. A satisfação com a qualidade de vida é 2,4 vezes maior entre os mais ricos (acima de 15 mil reais de renda familiar) quando comparados com os mais pobres (até 3 mil reais). A questão financeira é protagonista na percepção de qualidade de vida – a pesquisa mostra que apenas 11% dos entrevistados conseguem suprir todas as suas necessidades com os recursos financeiros que possuem. A variável escolaridade, correlacionada com fatores financeiros, indica padrão semelhante na comparação entre menos instruídos (menor satisfação) e mais escolarizados (maior satisfação).

Outro padrão identificado refere-se a cor/raça: satisfação entre brancos (30,6%) é o dobro do que entre pretos (15,3%) e, também, superior do que entre os pardos (18,9%). Diversos estudos mostram os desafios e necessidade de reparações de toda sorte para a população preta. O padrão identificado aqui apenas identifica mais uma evidência da distinção acerca das condições de vida entre pretos e brancos no Brasil. Esse aspecto também apresenta fortes conexões com o fator renda familiar.

Os mais velhos, acima de 50 anos, estão mais satisfeitos (30,9%) do que os mais novos, 16 a 19 anos, (21,8%). Variados estudos retratam as questões geracionais e a definição de fatores que impõem traços de diferenças entre esses públicos. Ansiedades, hedonismos, desapegos reforçam a ideia de que os jovens apresentam maior insatisfação com a vida cotidiana – sobretudo em seus aspectos considerados monótonos.

Para a avaliação geral da qualidade de vida, não foram observadas diferenças significativas no que se refere as regiões do Brasil.

TENDÊNCIAS

Diante de uma população que demanda mais qualidade de vida, os decisores (gestão pública e empresarial) precisam estar atentos aos sinais de insatisfação. Os desafios da vida cotidiana não são os mesmos para todos os estratos sociais. As dores são variadas a depender da demanda de cada um. Com isso, extraindo uma pequena dose do pensamento de Guerreiro Ramos, a uniformização das ações de decisores em busca de satisfação geral não se apresenta como caminho promissor. A resposta a cada dor é específica e depende de exame detalhado sobre as demandas dos públicos.

O conceito de qualidade de vida é uma construção social. As interações cotidianas edificam formatos idealizados sobre como uma boa vida deve ser. Pretendentes ao posto de promotores de qualidade de vida não podem abrir mão de sensibilidade, empatia e ouvidos atentos.

Governos e empresas que buscam reconhecimento dos públicos, reputação institucional, devem estar atentos aos fatores que expressam a qualidade de vida idealizada por cada estrato social. As artimanhas comunicativas, sucessos retumbantes de outrora, encontram desafios em temos de múltiplos produtores de conteúdos nas redes sociais. As demandas por comunicação assertivas aumentaram nas instituições – mas muito do que é feito deriva de “enlatados” sem conexões mais profundas com o mundo vivido pelas pessoas.

Os julgamentos sobre como a vida deve ser são regidos por experiências concretas na vida cotidiana. Ainda que as instituições tenham equipes preparadas para a comunicação nas redes, os dados sobre os interesses do público deve estar acima de tudo. Equipes potentes de comunicação muitas vezes são cobradas por ações sem que tenham acesso a estrutura de informações necessárias. A perspectiva de uma comunicação que “hipnotiza” os públicos, aplicação de notícias falsas, promessas vazias, ausências de ações que busquem o interesse dos públicos apresentam-se como colunas de papel sobre as quais uma grande instituição está assentada.

Quer reputação? Apresente soluções a fatores críticos que impedem o bem-estar!

 

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